TONOFOX
Publicado em 26 de setembro de 2021
Este é um curioso reprodutor que possui um controle do volume de som. O sistema funciona através de um mecanismo embutido na parte de trás do reprodutor que abre e fecha a passagem de ar para o braço, controlando as vibrações que são amplificadas pela corneta. Apesar de ser algo relativamente simples, é bastante raro de se ver por aí. Inclusive, encontrei poucas referências sobre esse Tonofox, aqui no Graphonogram foi onde encontrei mais detalhes.
É comum nesses reprodutores que as juntas que selam o diafragma estejam completamente ressecadas e tenham que ser substituídas. Mas nesse caso eu tive um pouco mais de trabalho do que o normal, porque além de ressecadas, as juntas criaram uma espécie de cola ao redor de todo o diafragma.
Como a intenção era preservar a mica, comecei cuidadosamente raspando a junta superior com uma pinça. Demorou, mas a junta saiu em pequenos pedaços.
O desafio maior começou quando fui remover a junta inferior. Como a mica ficou colada, não foi possível removê-la como de costume. Como esse reprodutor não possuí um furo central grande, também não foi possível empurrar a mica pela parte de trás do reprodutor. A única saída que encontrei foi começar a remover pedaços da junta através das pequenas frestas que havia entre o diafragma e o corpo do reprodutor. O processo foi longo e sem muito sucesso, porque a mica acabou ficando com a borda toda “mastigada”. Por fim, acabei substituindo a mica com receio da borda irregular não ficar suficientemente vedada.
Com o diafragma desmontado aproveitei para fazer uma boa limpeza das peças. O corpo do reprodutor é produzido em alumínio e estava com diversas marcas do tempo. Fiz um processo de lixamento, começando com uma lixa mais grossa e gradativamente trocando para as mais finas até finalizar com uma lixa 2000. Assim consegui remover boa parte das manchas e riscos.
O polimento final foi feito manualmente com massa de polir, dessas comuns usadas em pintura automotiva. Esse processo foi realizado também nas outras peças, exceto na parte recartilhada ao redor do corpo do reprodutor, que usei uma dremel com disco de fio de aço para escovar as ranhuras.
Também foi necessário substituir a junta que vai na parte de trás do corpo do reprodutor. Fiz uma experiência de cortar uma junta usando uma manta de silicone com espessura de aproximadamente 1 mm. Fiz um molde de papel, tracei o desenho na manta e cortei usando uma tesoura. Apesar do silicone ser relativamente macio, não é muito fácil deixar o corte perfeito, principalmente os formatos arredondados como o dessa junta. Mas considero que o resultado foi satisfatório.
Até aqui tudo caminhava bem e faltava pouco para concluir o trabalho. Mas foi então que surgiu um problema com a peça localizada na parte de trás do corpo do reprodutor, que faz a conexão com o braço. Essa peça estava pintada na cor azul com um aspecto meio grosseiro, de modo que não parecia ser um acabamento original. Optei por levar a peça para dar um banho de níquel com a intenção de deixá-la com uma aparência melhor. Mas logo no processo de decapagem a peça quebrou em vários pedaços. Quer dizer, na verdade ela se descolou em vários pedaços. O aspecto grosseiro era justamente a cola que foi aplicada para juntar os pedaços e a tinta azul foi usada para cobrir todo o remendo.
A solução foi remontar o quebra-cabeça, colando novamente cada pedaço. Mas como a espessura do material era muito fina, não havia área de contato suficiente para fazer uma fixação consistente. Então foi necessário criar um reforço para apoiar e aumentar a área de contato entre os pedaços. Fiz dois círculos em metal usando fundos de latas de conserva. Por serem finas, permitem o corte manual e fácil modelagem.
Na primeira colagem decidi testar uma cola epoxi bicomponente líquida. A vantagem de usar esse tipo cola é o maior tempo de trabalho antes da secagem inicial, o que permite fazer ajustes com calma. Mas não gostei do resultado final, porque mesmo depois das longas horas de secagem, a cola ficou com um aspecto emborrachado e as emendas ligeiramente flexíveis. Na colagem do segundo anel de reforço troquei a estratégia e usei uma cola Super Bonder em gel. O resultado foi excelente e as emendas ficaram bem mais sólidas.
Além desse reforço na parte central da peça, também reforcei as bordas com dois pequenos semicírculos. Achei que um reforço na borda seria importante já que a fixação da peça no corpo do reprodutor acontece justamente por essa parte. Usei novamente a Super Bonder gel para colar os semicírculos. Também fiz a fixação do anel central usando a mesma cola.
Por fim, apliquei uma camada de Durepox ao redor de algumas áreas da peça. Aproveitei essa camada para uniformizar algumas emendas e modelar o formato final. Aqui foi um trabalho cuidadoso para obter um resultado melhor do que estava antes. Inclusive, optei por pintar de preto ao invés da cor azul. Gostei bastante do resultado.
Segue um vídeo do reprodutor em ação. Procurei variar o ajuste para demonstrar os resultados do controle do volume. É interessante observar que quando o sistema bloqueia a passagem das vibrações do diafragma para o braço, passamos a ouvir o som proveniente apenas do reprodutor, sem a amplificação da corneta. Apesar de interessante esse sistema, acredito que na prática o resultado não é muito diferente do que quando fechamos as portas das vitrolas, tampando a saída de ar das cornetas e consequentemente diminuindo o volume do som. Assim, acredito que o uso desse tipo de reprodutor possa ser mais interessante em gramofones do que em vitrolas.